sábado, 8 de outubro de 2011

JUSTIÇA: A COMÉDIA DA VIDA "PRIVADA"

A única coisa que gera a riqueza no mundo é o TRABALHO, se não há trabalho não pode ser materializado qualquer forma de acumulo. Por isso, com o advento de um modo de produção que tem por finalidade o lucro, há a necessidade da exploração do homem pelo homem, pois se a mobilidade do capital gera a mobilidade do trabalho a mobilidade do trabalho necessita de um exército de reservas, isto significa que este modo de produção, que coloca o CAPITAL  a cima do bem e do mal, se apossa do trabalho através da exploração, gerando a mais valia, e justamente, é o que determina que a classe trabalhadora está fadada ao fracasso, restando a ela as mazelas, perversidades e as brutalidades, tudo o que vale para acumular mais e mais...

Diante disso, várias formas de manutenção desse modo foram criadas, tais como: A necessidade da propaganda; A necessidade do dinheiro; A necessidade do consumo; A necessidade do estado, entre muitas outras, mas gostaria de me situar em apenas uma: A NECESSIDADE DA JUSTIÇA, dentre as mais cruéis, é a mais eficiente no processo de manutenção do STATUS QUO, ou seja manter o estado das coisas, para melhor justificar a proliferação das injustiças e desigualdades sociais. E dentre os maiores exemplos de que a justiça favorece a uma determinada classe, a que explora, vemos a necessidade do debate sobre a absolvição de Luiz Sefer. O Ex Deputado, que é médico e da alta classe, de uma elite política e econômica paraense, tinha sido condenado a 21 anos de prisão, por estupro e atentado violento ao pudor contra uma criança, na época com 9 anos e que manteve relações até os 13 anos, sobre fortes provas do ministério público. 

Infelizmente, em um estado que age para manter o estado das coisas, a justiça se torna uma COMÉDIA, comédia sobre as vidas dos explorados e sofridos, vidas PRIVADAS, pois a eles faltam o pão e a poesia, Brecht diz que a justiça é o pão do povo e se ela é o pão do povo deve ser preparada por ele e como não é, ficam atrás da rima. "Ou a justiça serve a classe dominante pra acumular ainda mais, através da manutenção do estado das coisas ou serve a classe dominada pra avançar na luta por dias melhores, de justiças e igualdade social" (*), com o Ex ministro da justiça  Márcio Thomas Bastos  defendendo o criminoso, fica claro a quem a justiça serve, aos dominantes, resultado: absolvição do réu, e agora ele pode praticar seu crimes em liberdade. 
E ao povo resta seguir em luta contra a comédia que é a justiça dos ricos e poderosos, em defesa dos direitos e vidas, que são privadas  por esse sistema nefasto, perverso e cruel e por uma justiça como defende Bertolt Brecht, que seja O PÃO DO POVO:


A justiça é o pão do povo.
Às vezes bastante, às vezes pouca.
Às vezes de gosto bom, às vezes de gosto ruim.
Quando o pão é pouco, há fome.
Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!
Cozida sem amor, amassada sem saber!
A justiça sem amor, cuja casca é cinzenta!
A justiça de ontem, que chega tarde demais!
Quando o pão é bom e bastante
O resto da refeição pode ser perdoado.
Não pode haver logo tudo em abundância.
Alimentado do pão da justiça
Pode ser feito o trabalho
De que resulta a abundância.

Como é necessário o pão diário
É necessária a justiça diária.

Sim, mesmo várias vezes ao dia.
De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.
No trabalho que é prazer.
Nos tempos duros e nos felizes
O povo necessita de pão diário
Da justiça, bastante e saudável.

Sendo o pão da justiça tão importante
Quem, amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?

Assim como o outro pão
Deve o pão da justiça
Ser preparado pelo povo.

Bastante, saudável, diário.

                   ( O pão do povo, Bertolt Brecht)

(*) Frase do Professor Ruy Moreira, com algumas adaptações minhas. 


As queridas amigas Stelinha e Kathlen, aos Compas Dênis, Rodrigo, Virgilio, Gabriel e a Billy Zarah, para que possam no exercício do Direito, tornar a Justiça uma práxis transformadora e inspiradora. Vamos à luta! 

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