terça-feira, 1 de novembro de 2011

Força Marcelo Freixo!

* Texto extraido do blog do coletivo VAMOS Á LUTA! ( http://vamosalutanacional.blogspot.com/ ). Quem se emocionou, se inspirou e se revoltou com o filme "TROPA DE ELITE 2", precisa conhecer a história deste lutador, a trajetória de Marcelo Freixo se confunde com a do DEP. Fraga, personagem do filme, mas vai muito além, pois no seu cotidiano VAI A LUTA, atrás da rima... CONSTRUIR O AMANHÃ DESEJADO...




O militante e companheiro Marcelo Freixo, que também é deputado estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro deixará o Brasil, junto com sua família, a convite da Anistia Internacional.
Marcelo, que está no seu segundo mandato, continuou no parlamento a luta que sempre travou em defesa dos direitos humanos. Contra muitas adversidades e inclusive contra a repulsa da grande opinião pública conseguiu instaurar a “CPI das Milícias”. A mesma devastou e pôs a nu o perverso modo de opressão de populações inteiras por parte de quadrilhas mafiosas. Freixo sempre assinalou que o risco especial que as milícias trazem é porque tem tentáculos no poder estatal, com deputados, vereadores, secretários de estado, etc.

Desde então a vida de Marcelo Freixo corre risco e somente no último mês foram descobertos cerca de 7 planos distintos de assassinato do companheiro.

Freixo assinalou que sua viagem não se trata de um recuo, apenas um pequeno tempo para a sua própria proteção e da família.

De nossa parte, cremos que  é um absurdo que chegue até esse ponto a moderna ditadura brasileira. Enquanto assistimos nas TV´s que tudo está bem e que o Brasil é apenas prosperidade e alegrias, o exílio forçado volta a ser prática. Repudiamos a quebra do frágil estado democrático de direito que é reduzido a pó neste caso. A saída de Freixo é a demonstração cabal de que a democracia que temos apenas se trata da liberdade para os ricos e poderosos e da exploração dos pobres e do medo para os que questionam a fundo tal situação. O papel dos governos e da coalizão que governa o Brasil e o Rio de Janeiro, PT/PMDB, de Dilma, Cabral e Eduardo Paes, é lamentável, pois nada se faz para acabar com as milícias que seguem se fortalecendo e se espalhando para outros estados do país.

O Vamos à Luta, que tem o orgulho de ter contado inúmeras vezes com a ajuda orgânica do Marcelo se entristece, mas ao mesmo tempo renova as forças para a nossa luta cotidiana. Em todo o Brasil nossa militância grita e gritará: Força Freixo! Como o próprio companheiro sempre gosta de citar Brecht: “Nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar!”

sábado, 8 de outubro de 2011

JUSTIÇA: A COMÉDIA DA VIDA "PRIVADA"

A única coisa que gera a riqueza no mundo é o TRABALHO, se não há trabalho não pode ser materializado qualquer forma de acumulo. Por isso, com o advento de um modo de produção que tem por finalidade o lucro, há a necessidade da exploração do homem pelo homem, pois se a mobilidade do capital gera a mobilidade do trabalho a mobilidade do trabalho necessita de um exército de reservas, isto significa que este modo de produção, que coloca o CAPITAL  a cima do bem e do mal, se apossa do trabalho através da exploração, gerando a mais valia, e justamente, é o que determina que a classe trabalhadora está fadada ao fracasso, restando a ela as mazelas, perversidades e as brutalidades, tudo o que vale para acumular mais e mais...

Diante disso, várias formas de manutenção desse modo foram criadas, tais como: A necessidade da propaganda; A necessidade do dinheiro; A necessidade do consumo; A necessidade do estado, entre muitas outras, mas gostaria de me situar em apenas uma: A NECESSIDADE DA JUSTIÇA, dentre as mais cruéis, é a mais eficiente no processo de manutenção do STATUS QUO, ou seja manter o estado das coisas, para melhor justificar a proliferação das injustiças e desigualdades sociais. E dentre os maiores exemplos de que a justiça favorece a uma determinada classe, a que explora, vemos a necessidade do debate sobre a absolvição de Luiz Sefer. O Ex Deputado, que é médico e da alta classe, de uma elite política e econômica paraense, tinha sido condenado a 21 anos de prisão, por estupro e atentado violento ao pudor contra uma criança, na época com 9 anos e que manteve relações até os 13 anos, sobre fortes provas do ministério público. 

Infelizmente, em um estado que age para manter o estado das coisas, a justiça se torna uma COMÉDIA, comédia sobre as vidas dos explorados e sofridos, vidas PRIVADAS, pois a eles faltam o pão e a poesia, Brecht diz que a justiça é o pão do povo e se ela é o pão do povo deve ser preparada por ele e como não é, ficam atrás da rima. "Ou a justiça serve a classe dominante pra acumular ainda mais, através da manutenção do estado das coisas ou serve a classe dominada pra avançar na luta por dias melhores, de justiças e igualdade social" (*), com o Ex ministro da justiça  Márcio Thomas Bastos  defendendo o criminoso, fica claro a quem a justiça serve, aos dominantes, resultado: absolvição do réu, e agora ele pode praticar seu crimes em liberdade. 
E ao povo resta seguir em luta contra a comédia que é a justiça dos ricos e poderosos, em defesa dos direitos e vidas, que são privadas  por esse sistema nefasto, perverso e cruel e por uma justiça como defende Bertolt Brecht, que seja O PÃO DO POVO:


A justiça é o pão do povo.
Às vezes bastante, às vezes pouca.
Às vezes de gosto bom, às vezes de gosto ruim.
Quando o pão é pouco, há fome.
Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!
Cozida sem amor, amassada sem saber!
A justiça sem amor, cuja casca é cinzenta!
A justiça de ontem, que chega tarde demais!
Quando o pão é bom e bastante
O resto da refeição pode ser perdoado.
Não pode haver logo tudo em abundância.
Alimentado do pão da justiça
Pode ser feito o trabalho
De que resulta a abundância.

Como é necessário o pão diário
É necessária a justiça diária.

Sim, mesmo várias vezes ao dia.
De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.
No trabalho que é prazer.
Nos tempos duros e nos felizes
O povo necessita de pão diário
Da justiça, bastante e saudável.

Sendo o pão da justiça tão importante
Quem, amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?

Assim como o outro pão
Deve o pão da justiça
Ser preparado pelo povo.

Bastante, saudável, diário.

                   ( O pão do povo, Bertolt Brecht)

(*) Frase do Professor Ruy Moreira, com algumas adaptações minhas. 


As queridas amigas Stelinha e Kathlen, aos Compas Dênis, Rodrigo, Virgilio, Gabriel e a Billy Zarah, para que possam no exercício do Direito, tornar a Justiça uma práxis transformadora e inspiradora. Vamos à luta! 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Era Musical

Se o sonho é pó,
E o pó poeira.
Transformaram nosso sonho em Dó,
Mas de Dó em Sol a Sol maior
As vezes chuvisca um pesadelo
E se o pesadelo não é nosso,
Lá se anuncia a tempestade...
E aí... depois dos Sustenidos
Nossos sonhos não são mais em Dó
Já não dormimos mais  só por Mi
E quando eles caem em Si
Nós acordamos na Primavera...


                                  ( Gilson Pantoja 02. 08. 2011 )



Em homenagem ao companheiro Júlio Miraguaia;
que ao ler os seus textos e poemas, vejo a  Bertolt Brecht ou Maiakóvsc. O Camarada Júlio, contraria os poetas e trava a luta mais Vã, a com palavras; e daí que ele vem vencendo e criando uma nova práxis, inspiradora e estimulante... mas ele é diferente porque além da inspiração apurada ele Vai à luta e anuncia o amanhã desejado...

Orgulho de sermos companheiro

Visitem o Blog do Júlio:

quinta-feira, 21 de julho de 2011

EU FICO COM A PUREZA DAS RESPOSTAS DAS CRIANÇAS...

Depois de um bom tempo sem escrever, muitos achavam que eu tinha sido abduzido por algum ET contra-revolucionário em Colares-Pa, ou até mesmo convencido por ele e me tornado um porta-voz das perversidades e brutalidades aplicados pelos injustos e desiguais... NÃO!!! Volto e continuo sendo um pequeno eixo na contra-mola que resiste... "pois se me cortam um verso eu escrevo outro, se me prendem vivo eu escapo morto. E  olha eu de novo perturbando a paz exigindo o troco, olha aí!"...

Ultimamente tenho pensado muito nas relações sociais e, por isso, tentando recuperar alguns valores que prometo não largá-los jamais. Isto me leva crer que o grande barato de "viver, é não ter a vergonha de ser feliz" e por isso, devemos "cantar e cantar e cantar a beleza de sermos eternos aprendizes", pois a "vida, é bonita, é bonita e é bonita"... E disso cheguei a conclusão depois um lindo e "corujento" diálogo com minha belíssima sobrinha-afilhada de 6 anos (importante dizer: é a mais linda e maravilhosa do mundo), sua inteligência é pura, sua sinceridade toca e quando toca alegra. Eis o diálogo:

Bruna: Didinho posso te mostrar uma coisa?
eu: Claro filha!
Bruna: olha isso...
           ela se dirigindo a nossa cadelinha diz:
"vai apanhar, vai apanhar!!!"
olha dindinho, tá vendo? ela se encolhe!!
por isso o nome dela é Nicole!

Eu meio rindo, meio chorando, sinestesia total, pensei:
  EU FICO COM A PUREZA DAS RESPOSTAS DAS CRIANÇAS!!!!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A DESconstrução imobiliária de Belém


Era ele que erguia casas, onde antes só havia chão.
 Como um pássaro sem asas ele subia com as asas que lhe brotavam da mão.
 Mas tudo desconhecia de sua grande missão: Não sabia por exemplo
 que a casa de um homem é um templo, um templo sem religião,
Como tampouco sabia que a casa que ele fazia,
 sendo a sua liberdade era a sua escravidão.

De fato como podia um operário em construção, compreender porque um tijolo 
valia mais do que um pão? Tijolos ele empilhava com pá, cimento e esquadria.
Quanto ao pão, ele o comia, mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui adiante um apartamento...

(Operário em construção, Vinícius de Moraes)



Há pouco mais de um mês alguns amigos e eu, saímos pela madrugada de Belém tentando encontrar algum lugar que pudesse servir de palco para nossos calorosos, politizados, polêmicos, mas esperançosos debates. Não queríamos qualquer lugar, nem qualquer fundo musical, e na busca de harmonizar os debates, em meio as musicas de Chico Buarque, caçamos em vão um lugar no qual pudéssemos ver a aurora de nossa terrinha... Com isso percebemos o que não queriamos há muito tempo: Belém passa por um processo de DESconstrução (IMOBILIÁRIA), nossas mangueiras agora dão lugar os imensos prédios, se antes víamos as mangueiras que coloriam a aurora ou o horizonte alaranjado anunciando o fim de tarde, hoje os grandes prédios não deixam o sol se pôr, acinzentam a manhã, roubando a aurora de muitas pessoas, e dos trabalhadores da construção civil para sempre.

Tudo porque o processo de verticalização na capital do estado se deu de forma intensa, rápida, desordenada e através da super valorização do espaço, o mercado imobiliário especulativo faz com que hoje o metro quadrado mais caro do País, seja aqui. Os prédios são erguidos, mas tem mercado consumidor para seus altos preços? Há fiscalização de algum órgão competente? ou há algum órgão competente? e qual o papel do governo e da prefeitura nisso tudo?

Do Alto do meu "achismo científico", creio (Eu acho) que Engenheiros Civis entendem de fazer projetos de execução de obras e/ou grandes obras desde sua fundação até seu acabamento, quanto analise, interpretação e estudo de solo cabe a Geólogos, Geofísicos ou outros profissionais da área; as construtoras de Belém deveriam ser obrigadas a realizarem  EIA (Estudos de impactos ambientais) e/ou RIMA (Relatórios de impactos ao meio ambiente), pois alteram em cheio o ambiente que o cerca, ou seja, todo o centro de Belém. Hoje são muitas Dúvidas sobre a causa da tragédia ou especulações sobre o tamanho dela, mas tragédia é tragédia e por isso, a ciência deve servir pra desvendar as "máscara sociais", sua intervenção nesse caso deve servir para descobrir as causas e punir os culpados, só assim veremos se " a ciência serve a classe dominante pra acumular ainda mais ou serve a classe dominada pra avançar na luta por uma sociedade sem classes e sem opressão"...  

Entendo que o processo de verticalização Belém se deu e continua de forma trágica intensificando o caos no trânsito diário, aumentando a exploração da classe trabalhadora que cada vez mais é obrigada a trabalhar mais por menos, para garantir o lucro ganancioso das construtoras. Com esse desabamento fica claro quem dita a regra, quem tem o capital, e aos trabalhadores que geram a riqueza a eles só resta o vale transporte, a marmita e o fim... vivem com na música de Chico Buarque...

CONSTRUÇÃO


Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego


Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a unica
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público



Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado


                                                         (Chico Buarque)


                                                            
                                                                   

sábado, 15 de janeiro de 2011

A QUADRILHA

Carlos Drumond de Andrade um dos maiores poetas do mundo, escreveu o poema "Quadrilha", talvez com intenção de fazer uma passagem da dança de quadrilha tentando mostrar como os casais se relacionam entre si, se alternando na "dança" e por isso, tratando com certo desdém o casamento, pois apenas uma das personagens se casa explicando o porquê da personagem que não entra na história já surge com sobrenome, dando a noção de garantia de um status social ou qualquer posição na sociedade através de um convenção social , o casamento. Podemos conceber, ainda  do poema é, que talvez o futuro não seja o que esperamos e por isso as esperanças muitas vezes frustram. O poema:


Quadrilha


João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


 E se hoje Carlos Drumond de Andrade fosse vivo e morasse no Pará? Seu poema continuaria com a mesma rima? Manteria o mesmo sentido? Posto isso, pensei algumas adaptações:

QUADRILHA

Jáder Barbalho, que é FICHA SUJA, que amava Ana júlia
que odiavam Almir, que assassinou trabalhadores do campo,
 que amava Jatene, que desviou verba da CERPASA
que amava Duciomar que afundou Belém.   

Jáder Barbalho, que é FICHA SUJA, que rompeu com Ana Júlia
que se juntaram com Almir, que assassinou sem terras
e junto com Duciomar que afundou Belém
odiavam Jatene, que foi condenado por improbidade administrativa
todos afundaram o Pará e fazem parte da mesma QUADRILHA...
quem sofre o Povo que não tinha entrado na história.


*Em homenagem ao camarada Marcus Benedito, que vem surgindo como uma nova liderança política no Estado. À este soldado que denuncia todas as quadrilhas que matam sonhos e anseios; ele derruba as barreiras cada vez mais altas que separa a sociedade dos seus direitos; enxerga ALÉM DA FRASE, segue ATRÁS DA RIMA e VAI À LUTA, construir o amanhã desejado.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Revolta de Natal!!!


Todo fim de ano há uma mesma rima que toca à todos, o Natal. É como fome, em verso e prosa, de presente que rima futuro, bebidas rima saliva, festas que rimam em cores, comidas rimando em frutas, fome de prato cheio, a gula. Mas é uma fome "boa", pois vem acompanhada do espírito de natal, há fome de comemoração, é o nascimento do menino e como ele, também nasceram muitos meninos, mas ninguém comemora e os que comemorariam estão chorando a morte de outros.



E para estes, resta o que está por trás da Rima... também chega o natal e traz consigo a  fome, é um Natal  com rima diferente. E de repente o prato vazio de presente, eles não ganharão carro de controle remoto, suas vidas já são um “remoto controle”, quem sabe entraram ano com "novas roupas velhas" ou cobertor usado ou os mesmos ternos “assim-assado”, quem dera máquinas fotográficas pra registrar esse momento, ainda sim eles estarão felizes, ou telefones celulares para ligarem e convidarem Papai Noel, sempre esperam, mas ele nunca vem. Ele sempre está ocupado dando presente e recebendo favores, em sua cueca sobra Dollar para os ricos e em seu saco falta presente para os pobres, talvez “Noel” seja Pai de poucos e “eu pensei que todo mundo fosse filho de papai Noel”.



E “Então é natal, ano novo também e seja feliz quem souber o que é o bem”, certeza que o prato vazio do ano velho não é o bem, mas eles tentarão ser felizes no ano novo, e vão Atrás da Rima, pois ainda não lhes roubaram o sorriso ainda que:



Privatizaram o pão, mas não a fome.
Privatizaram a bebida , mas não a sede.
Privatizaram o cobertor, mas não o frio.
Privatizaram a luz, mas não a escuridão.

Privatizaram a saúde, mas não o sangue.
Privatizaram a educação, mas não violência.
Privatizaram a paz, mas não a guerra.
Privatizaram a esperança, mas não o ódio.

E assim é o nosso natal:
Eles nos dão choro, devolvemos sorriso.
Nos dão lágrimas, respondemos com saliva.

nos mostram a força, movimentamos em luta.
nos prendem vivos, escapamos mortos.
nos devolvem o pão, queremos também a poesia.
                                                                                       
                                                         (Gilson Pantoja, 21/12/2009)


Dos natais só resta lembrar, aos que virão reinventar um novo espírito. Do ano, que seja velho e o próximo que seja realmente novo:



Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
                                                            
                         (Poema de Natal, Vinicius de Moraes)


E para isso fomos feitos, há necessidade em nossa existência para que o natal seja como deve ser, com alegria e dor lado a lado, fome e fartura na mesma esquina, miséria e riqueza para o mesmo objetivo, esperança e ódio no mesmo templo, fé e descrença para o mesmo Deus. Disso tudo temos uma certeza todos esperarão juntos a mesma canção “Adeus ano velho, feliz ano novo”.



E ENTÃO É NATAL. FELIZ NATAL??

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sobre o CAGE - UFPA...

"A HUMANIDADE SE DIVIDE EM DOIS GRUPOS,
O GRUPO DOS QUE NÃO COMEM
 E O GRUPO DOS QUE NÃO DORMEM
COM MEDO DA REVOLTA DAQUELES QUE NÃO COMEM"
(Josué de Castro)

Penso e defendo um CAGE (Centro Acadêmico de Geografia) dinâmico e renovado. Mas, na minha opinião, renovação não se faz só com pessoas, muito menos com criticas e argumentos equivocados, sim com idéias fortes e projeto que tenha principio, que parta desde um visão de sala de aula à uma visão de mundo, afinal, "ou a ciência serve a classe dominante pra acumular ainda mais, ou serve a classe dominada pra avançar na defesa de uma sociedade sem classes e sem opressões". É isso, que uma das chapas defende, o principio da renovação com independência e autonomia, sem deixar de lado a luta por uma Universidade de todos: democrática, libertadora e de qualidade.
Por isso sou chapa 2, por que sei as diferenças entre as chapas e QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA na defesa do ensino público e do lado dos Estudantes. E aqui coloco um texto que mostra a diferença entre as chapas, num dos aspectos mais importantes na sociedade: Cultura!


A CONTRA CULTURA DA GEOGRAFIA*


Diariamente, na Geografia, são debatidas idéias, correntes filosóficas, ciência, método. Todos sem se descolar de uma visão de mundo. O fato é que nós, geógrafos, queremos mudar o mundo. Se engana quem entra no movimento estudantil (ME) achando que vai apenas fazer o debate acadêmico, já que mesmo teorizando, há a defesa de um modelo de sociedade, este a serviço de manter os estados das coisas.

Defendemos alguns instrumentos de transformação da sociedade, e aqui podemos especificar um: a cultura. Acreditamos na cultura como um dos principais instrumentos de transformação do mundo e se “a cultura está acima da diferença da condição social” (Confúcio), justamente por estarmos na universidade (considerado o espaço da contradição, da polêmica, da produção e da diversidade), é que lutamos pela difusão da produção artística e cultural, seja através do brega, que surge na periferia e quebra os muros dos bairros centrais de Belém, transpondo a barreira da universidade, até as reuniões dos grupos religiosos no espaço acadêmico.

Em 2003, com a reconstrução e reabertura do CAGE (Centro acadêmico de geografia), que ficou de portas fechadas de 2000 a 2003, presenciamos a cultura político-acadêmica nos debates sobre concepção de educação; a cultura política rebelde contra as cobranças de taxas (a qual defendiam os “Geoliberais”); a cultura política do lazer nos torneios esportivos em que participaram vários estudantes (em 2005, os estudantes do curso foram campeões da COPA UFPA, levavam uma faixa que dizia: “estudantes de geografia contra a cobrança de taxas e em defesa do ensino público, gratuito e com qualidade”, sendo aplaudidos de pé em todos os jogos), a cultura política poética nos saraus (agora extintos) e a cultura política musical nos palcos. Todos estes espaços sempre foram montados para garantir a exposição de toda e qualquer produção artística e cultural da universidade e dos estudantes de geografia. Os que prestigiavam as manifestações culturais eram incentivados a doar alimentos não perecíveis, como uma forma de estimular a cultura da solidariedade, através da participação na organização da nossa “SEXTABÁSICA”, pois entendemos que "A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, através dos séculos, capacitou o homem a ser menos escravizado” (André Malraux).

Estudantes, professores e funcionários juntos organizavam atos políticos-culturais, como o ato das velas. Todos de velas nas mãos para iluminar o que era escuro, tocando, cantando, e gritando contra a insegurança, recitando poesia em rimas fortes contra o desmonte do ensino público. Era a cultura do protesto. Não viam o forró (ou participavam) pra “FODAGEO”, sim como um instrumento pras geoLUTAS, a comunidade acadêmica da geo tinha orgulho do forró do curso ser reconhecido em toda UFPA, nosso forró era mesmo um “geoPÂNICO”,  esse era o momento de confraternização, interação e integração de estudantes, professores e funcionários, era mesmo uma “geograFARRA”. Era essa, parte da cultura que queríamos difundir.

Não queremos reproduzir a cultura alienante imposta pela mídia, vemos a universidade como o espaço da união da diversidade e que através dela poderemos difundir uma cultura que fosse capaz de dar uma resposta ao preconceito e a discriminação, e que nos dá a possibilidade de defender nossos modelos: de educação democrática, com livre acesso e libertadora; de sociedade, sem classes e sem opressões; e que também nos embasasse numa visão de mundo, pois entendemos que "Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro." (Albert Camus).

Infelizmente o que se propõe hoje é diferente. O “novo” como proposta para o curso está sobrecarregado de “velho”, e a cultura que surgiu para “ocupar o território” é na verdade o retrocesso. O “FODAGEO”, demonstra que a cultura atual do curso se curvou à cultura alienante imposta diária(mente) pela mídia, que está a serviço de manter as coisa como estão. 

O CAGE sempre defendeu a cultura como instrumento de transformação da sociedade e do mundo, principalmente se difundirmos o acesso a ela e se através dela também defendermos um modelo de universidade laica, democrática e plural. Defendemos que a universidade seja de todas as cores, sem machismo, racismo e homofobia, e assim avançar pra um modelo de mundo que siga a mesma visão.

Achamos desnecessário e repudiamos o uso da imagem de mulheres nuas ou seminuas em cartazes, que só servem pra “coisificar” a mulher, ou relegá-la à símbolo sexual. O CAGE foi um dos principais centros acadêmicos, no Conselho de entidades de base (que durou mais de 4 horas), a defender e aprovar resolução que garantiu a regulamentação cultural no espaço do vadião, único espaço de recreação da UFPA, usado somente pra festas de bregas e forrós. A resolução repudia as organizações de forrós que fizessem atividades de cunho machistas, homofóbicos, racistas ou sexistas. Infelizmente, o CAGE passa agora uma imagem de hipócrita, por lutar por uma modelo de universidade geral em toda a UFPA, mas não garantir essa modelo em seu próprio espaço, ainda que parte dos diretores seja contra essa forma de fazer cultura. A referência em atividades culturais alternativas deu lugar ao apoio a cultura do machismo, do sexismo, da alienação. 

Enfim, repudiamos veementemente a “nova” cultura propagandeada aos quatro cantos do bloco, pois esta é a maneira mais arcaica e conservadora que há de se fazer cultura. Mais do que “geoforrozar nos países baixos”, cultura é o sistema de idéias vivas que cada época possui. Melhor: “o sistema de idéias das quais o tempo vive." (José Ortega y Gasset).

* Nota em reposta a Organização do FODAGEO, escrita no dia 18/04/2010.
(Créditos a Vanessa monteiro, pela correção)

Vote chapa 2 no CAGE
QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA!!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Guerra contra o tráfico: Do Caos ao CAOS!

        Instala-se, então, a guerra social, onde o capital dita a regra, e nessa perspectiva os mais fortes se apropriam de tudo, nessa guerra o capital, propriedade direta ou indireta da subsistência e meios de produção, é a arma da luta. "Aquele que não tem capital ou dinheiro, ninguém se preocupa com ele, se não encontra trabalho pode roubar ou morrer de fome. A polícia vigiará para que ele morra de fome de uma maneira tranqüila, sem ferir de nenhuma maneira a burguesia" (LEFEBVRE, 2001). Este é o espaço repressivo, do crime social, com seus contraste, suas liberdades e suas fatalidades.
( PANTOJA, 2008)

Ao nascermos somos como uma folha em branco e, a partir, das relações sociais colada a alguns fatores é que será formada nossa personalidade, mas, muito além das relações, as condições sociais também são fundamentais para preencher essa página. Não se trata de defender um determinismo social, muito menos um determinismo biológico, pelo contrário o que se pode dizer com isso, é que bandidos não nascem, são formados, e do seu surgimento ao fim, basta algumas linhas. Como? como numa poesia social de Chico Buarque, mais ou menos assim:




O Meu Guri


Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá, Olha aí



Olha aí, Olha aí, ai o meu guri, olha aí 
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta conrrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço de mais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo, de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá, 
Olha aí

Olha aí, Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri


Posto isso, é hora de debater sobre os acontecimentos no Rio, e nisso, primeiramente, deixar claro que a violência não é um privilégio deste estado, é um problema social que assola o País, que parte do caos e leva ao caos. A "guerra contra o tráfico" propagandeada pela mídia diáriaMENTE, mostra uma unica RIMA... mas quem pagará o enterro e as flores? quem venceu a dita Guerra? Expulsaram o tráfico das favelas, pagaram violência com violência, os bandidos se foram e o que chegou? Polícia, soldado, armas. Mas e saúde, educação, habitação, saneamento, emprego, cultura, arte, lazer? Quando vão chegar os investimentos sociais? continuarão "alagados"  os moradores da favela? Enquanto que "a cidade, que tem braços abertos num cartão postal, Com os punhos fechados na vida real os nega oportunidades, mostra a face dura do mal", é mais uma RIMA que se mostra clara.

Mas o que não fica claro, é o que será feito com os verdadeiros chefes do tráfico, os difusores das desigualdades e injustiças sociais, muitos desses que fazem parte da elite econômica e política financiados pelo tráfico, que eleitos votam e aprovam leis que favorecem a violência e defende a ilegalidade, estes que criam projetos como a redução da maioridade penal, pragmatismo puro para combater os problemas que eles mesmos criaram. E depois de expulsarem as crianças, adolescentes e juventude da educação e empurrarem para o mundo crime, matam em quantidade nas filas dos hospitais, pois não investem em saúde e desviam dinheiro público para retribuir a "cortesia" garantida pelo dinheiro do tráfico. Estes deveriam ser os primeiros a tombarem na guerra, pois através dos seu atos matam sonhos e anseios da classe mais pobre. Corrupção deve ser crime hediondo, a eles a prisão.

E a grande verdade que a mídia esconde é a dura realidade dos pobres trabalhadores, e os fazem aceitar a triste RIMA da periferia, dos excluídos, dos explorados, dos oprimidos. Mas os trabalhadores a juventude se levantam e lutam, e querem escrever uma nova página por fora da rima imposta "Escola, esmola. Favela, cadeia. Sem terra, enterra. Sem renda, se renda. Não, não!" é hora de ir ATRÁS DA RIMA... e ter direito não só ao pão, mas também à poesia!





Textos sobre a "Guerra contra o Tráfico"
http://operamundi.uol.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1308
http://jacareparadovirabolsa.blogspot.com/2010/12/nota-da-cst-sobre-o-trafico-e-violencia.html
http://ocomprimido.tdvproducoes.com/2010/11/marcelo-freixo-nao-havera-vencedores/
http://www.cstpsol.com/viewnoticia.asp?ID=140