quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Guerra contra o tráfico: Do Caos ao CAOS!

        Instala-se, então, a guerra social, onde o capital dita a regra, e nessa perspectiva os mais fortes se apropriam de tudo, nessa guerra o capital, propriedade direta ou indireta da subsistência e meios de produção, é a arma da luta. "Aquele que não tem capital ou dinheiro, ninguém se preocupa com ele, se não encontra trabalho pode roubar ou morrer de fome. A polícia vigiará para que ele morra de fome de uma maneira tranqüila, sem ferir de nenhuma maneira a burguesia" (LEFEBVRE, 2001). Este é o espaço repressivo, do crime social, com seus contraste, suas liberdades e suas fatalidades.
( PANTOJA, 2008)

Ao nascermos somos como uma folha em branco e, a partir, das relações sociais colada a alguns fatores é que será formada nossa personalidade, mas, muito além das relações, as condições sociais também são fundamentais para preencher essa página. Não se trata de defender um determinismo social, muito menos um determinismo biológico, pelo contrário o que se pode dizer com isso, é que bandidos não nascem, são formados, e do seu surgimento ao fim, basta algumas linhas. Como? como numa poesia social de Chico Buarque, mais ou menos assim:




O Meu Guri


Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá, Olha aí



Olha aí, Olha aí, ai o meu guri, olha aí 
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta conrrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço de mais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo, de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá, 
Olha aí

Olha aí, Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri


Posto isso, é hora de debater sobre os acontecimentos no Rio, e nisso, primeiramente, deixar claro que a violência não é um privilégio deste estado, é um problema social que assola o País, que parte do caos e leva ao caos. A "guerra contra o tráfico" propagandeada pela mídia diáriaMENTE, mostra uma unica RIMA... mas quem pagará o enterro e as flores? quem venceu a dita Guerra? Expulsaram o tráfico das favelas, pagaram violência com violência, os bandidos se foram e o que chegou? Polícia, soldado, armas. Mas e saúde, educação, habitação, saneamento, emprego, cultura, arte, lazer? Quando vão chegar os investimentos sociais? continuarão "alagados"  os moradores da favela? Enquanto que "a cidade, que tem braços abertos num cartão postal, Com os punhos fechados na vida real os nega oportunidades, mostra a face dura do mal", é mais uma RIMA que se mostra clara.

Mas o que não fica claro, é o que será feito com os verdadeiros chefes do tráfico, os difusores das desigualdades e injustiças sociais, muitos desses que fazem parte da elite econômica e política financiados pelo tráfico, que eleitos votam e aprovam leis que favorecem a violência e defende a ilegalidade, estes que criam projetos como a redução da maioridade penal, pragmatismo puro para combater os problemas que eles mesmos criaram. E depois de expulsarem as crianças, adolescentes e juventude da educação e empurrarem para o mundo crime, matam em quantidade nas filas dos hospitais, pois não investem em saúde e desviam dinheiro público para retribuir a "cortesia" garantida pelo dinheiro do tráfico. Estes deveriam ser os primeiros a tombarem na guerra, pois através dos seu atos matam sonhos e anseios da classe mais pobre. Corrupção deve ser crime hediondo, a eles a prisão.

E a grande verdade que a mídia esconde é a dura realidade dos pobres trabalhadores, e os fazem aceitar a triste RIMA da periferia, dos excluídos, dos explorados, dos oprimidos. Mas os trabalhadores a juventude se levantam e lutam, e querem escrever uma nova página por fora da rima imposta "Escola, esmola. Favela, cadeia. Sem terra, enterra. Sem renda, se renda. Não, não!" é hora de ir ATRÁS DA RIMA... e ter direito não só ao pão, mas também à poesia!





Textos sobre a "Guerra contra o Tráfico"
http://operamundi.uol.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1308
http://jacareparadovirabolsa.blogspot.com/2010/12/nota-da-cst-sobre-o-trafico-e-violencia.html
http://ocomprimido.tdvproducoes.com/2010/11/marcelo-freixo-nao-havera-vencedores/
http://www.cstpsol.com/viewnoticia.asp?ID=140

Nenhum comentário:

Postar um comentário