segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sobre o CAGE - UFPA...

"A HUMANIDADE SE DIVIDE EM DOIS GRUPOS,
O GRUPO DOS QUE NÃO COMEM
 E O GRUPO DOS QUE NÃO DORMEM
COM MEDO DA REVOLTA DAQUELES QUE NÃO COMEM"
(Josué de Castro)

Penso e defendo um CAGE (Centro Acadêmico de Geografia) dinâmico e renovado. Mas, na minha opinião, renovação não se faz só com pessoas, muito menos com criticas e argumentos equivocados, sim com idéias fortes e projeto que tenha principio, que parta desde um visão de sala de aula à uma visão de mundo, afinal, "ou a ciência serve a classe dominante pra acumular ainda mais, ou serve a classe dominada pra avançar na defesa de uma sociedade sem classes e sem opressões". É isso, que uma das chapas defende, o principio da renovação com independência e autonomia, sem deixar de lado a luta por uma Universidade de todos: democrática, libertadora e de qualidade.
Por isso sou chapa 2, por que sei as diferenças entre as chapas e QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA na defesa do ensino público e do lado dos Estudantes. E aqui coloco um texto que mostra a diferença entre as chapas, num dos aspectos mais importantes na sociedade: Cultura!


A CONTRA CULTURA DA GEOGRAFIA*


Diariamente, na Geografia, são debatidas idéias, correntes filosóficas, ciência, método. Todos sem se descolar de uma visão de mundo. O fato é que nós, geógrafos, queremos mudar o mundo. Se engana quem entra no movimento estudantil (ME) achando que vai apenas fazer o debate acadêmico, já que mesmo teorizando, há a defesa de um modelo de sociedade, este a serviço de manter os estados das coisas.

Defendemos alguns instrumentos de transformação da sociedade, e aqui podemos especificar um: a cultura. Acreditamos na cultura como um dos principais instrumentos de transformação do mundo e se “a cultura está acima da diferença da condição social” (Confúcio), justamente por estarmos na universidade (considerado o espaço da contradição, da polêmica, da produção e da diversidade), é que lutamos pela difusão da produção artística e cultural, seja através do brega, que surge na periferia e quebra os muros dos bairros centrais de Belém, transpondo a barreira da universidade, até as reuniões dos grupos religiosos no espaço acadêmico.

Em 2003, com a reconstrução e reabertura do CAGE (Centro acadêmico de geografia), que ficou de portas fechadas de 2000 a 2003, presenciamos a cultura político-acadêmica nos debates sobre concepção de educação; a cultura política rebelde contra as cobranças de taxas (a qual defendiam os “Geoliberais”); a cultura política do lazer nos torneios esportivos em que participaram vários estudantes (em 2005, os estudantes do curso foram campeões da COPA UFPA, levavam uma faixa que dizia: “estudantes de geografia contra a cobrança de taxas e em defesa do ensino público, gratuito e com qualidade”, sendo aplaudidos de pé em todos os jogos), a cultura política poética nos saraus (agora extintos) e a cultura política musical nos palcos. Todos estes espaços sempre foram montados para garantir a exposição de toda e qualquer produção artística e cultural da universidade e dos estudantes de geografia. Os que prestigiavam as manifestações culturais eram incentivados a doar alimentos não perecíveis, como uma forma de estimular a cultura da solidariedade, através da participação na organização da nossa “SEXTABÁSICA”, pois entendemos que "A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, através dos séculos, capacitou o homem a ser menos escravizado” (André Malraux).

Estudantes, professores e funcionários juntos organizavam atos políticos-culturais, como o ato das velas. Todos de velas nas mãos para iluminar o que era escuro, tocando, cantando, e gritando contra a insegurança, recitando poesia em rimas fortes contra o desmonte do ensino público. Era a cultura do protesto. Não viam o forró (ou participavam) pra “FODAGEO”, sim como um instrumento pras geoLUTAS, a comunidade acadêmica da geo tinha orgulho do forró do curso ser reconhecido em toda UFPA, nosso forró era mesmo um “geoPÂNICO”,  esse era o momento de confraternização, interação e integração de estudantes, professores e funcionários, era mesmo uma “geograFARRA”. Era essa, parte da cultura que queríamos difundir.

Não queremos reproduzir a cultura alienante imposta pela mídia, vemos a universidade como o espaço da união da diversidade e que através dela poderemos difundir uma cultura que fosse capaz de dar uma resposta ao preconceito e a discriminação, e que nos dá a possibilidade de defender nossos modelos: de educação democrática, com livre acesso e libertadora; de sociedade, sem classes e sem opressões; e que também nos embasasse numa visão de mundo, pois entendemos que "Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro." (Albert Camus).

Infelizmente o que se propõe hoje é diferente. O “novo” como proposta para o curso está sobrecarregado de “velho”, e a cultura que surgiu para “ocupar o território” é na verdade o retrocesso. O “FODAGEO”, demonstra que a cultura atual do curso se curvou à cultura alienante imposta diária(mente) pela mídia, que está a serviço de manter as coisa como estão. 

O CAGE sempre defendeu a cultura como instrumento de transformação da sociedade e do mundo, principalmente se difundirmos o acesso a ela e se através dela também defendermos um modelo de universidade laica, democrática e plural. Defendemos que a universidade seja de todas as cores, sem machismo, racismo e homofobia, e assim avançar pra um modelo de mundo que siga a mesma visão.

Achamos desnecessário e repudiamos o uso da imagem de mulheres nuas ou seminuas em cartazes, que só servem pra “coisificar” a mulher, ou relegá-la à símbolo sexual. O CAGE foi um dos principais centros acadêmicos, no Conselho de entidades de base (que durou mais de 4 horas), a defender e aprovar resolução que garantiu a regulamentação cultural no espaço do vadião, único espaço de recreação da UFPA, usado somente pra festas de bregas e forrós. A resolução repudia as organizações de forrós que fizessem atividades de cunho machistas, homofóbicos, racistas ou sexistas. Infelizmente, o CAGE passa agora uma imagem de hipócrita, por lutar por uma modelo de universidade geral em toda a UFPA, mas não garantir essa modelo em seu próprio espaço, ainda que parte dos diretores seja contra essa forma de fazer cultura. A referência em atividades culturais alternativas deu lugar ao apoio a cultura do machismo, do sexismo, da alienação. 

Enfim, repudiamos veementemente a “nova” cultura propagandeada aos quatro cantos do bloco, pois esta é a maneira mais arcaica e conservadora que há de se fazer cultura. Mais do que “geoforrozar nos países baixos”, cultura é o sistema de idéias vivas que cada época possui. Melhor: “o sistema de idéias das quais o tempo vive." (José Ortega y Gasset).

* Nota em reposta a Organização do FODAGEO, escrita no dia 18/04/2010.
(Créditos a Vanessa monteiro, pela correção)

Vote chapa 2 no CAGE
QUEM VEM COM TUDO NÃO CANSA!!!

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