terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Revolta de Natal!!!


Todo fim de ano há uma mesma rima que toca à todos, o Natal. É como fome, em verso e prosa, de presente que rima futuro, bebidas rima saliva, festas que rimam em cores, comidas rimando em frutas, fome de prato cheio, a gula. Mas é uma fome "boa", pois vem acompanhada do espírito de natal, há fome de comemoração, é o nascimento do menino e como ele, também nasceram muitos meninos, mas ninguém comemora e os que comemorariam estão chorando a morte de outros.



E para estes, resta o que está por trás da Rima... também chega o natal e traz consigo a  fome, é um Natal  com rima diferente. E de repente o prato vazio de presente, eles não ganharão carro de controle remoto, suas vidas já são um “remoto controle”, quem sabe entraram ano com "novas roupas velhas" ou cobertor usado ou os mesmos ternos “assim-assado”, quem dera máquinas fotográficas pra registrar esse momento, ainda sim eles estarão felizes, ou telefones celulares para ligarem e convidarem Papai Noel, sempre esperam, mas ele nunca vem. Ele sempre está ocupado dando presente e recebendo favores, em sua cueca sobra Dollar para os ricos e em seu saco falta presente para os pobres, talvez “Noel” seja Pai de poucos e “eu pensei que todo mundo fosse filho de papai Noel”.



E “Então é natal, ano novo também e seja feliz quem souber o que é o bem”, certeza que o prato vazio do ano velho não é o bem, mas eles tentarão ser felizes no ano novo, e vão Atrás da Rima, pois ainda não lhes roubaram o sorriso ainda que:



Privatizaram o pão, mas não a fome.
Privatizaram a bebida , mas não a sede.
Privatizaram o cobertor, mas não o frio.
Privatizaram a luz, mas não a escuridão.

Privatizaram a saúde, mas não o sangue.
Privatizaram a educação, mas não violência.
Privatizaram a paz, mas não a guerra.
Privatizaram a esperança, mas não o ódio.

E assim é o nosso natal:
Eles nos dão choro, devolvemos sorriso.
Nos dão lágrimas, respondemos com saliva.

nos mostram a força, movimentamos em luta.
nos prendem vivos, escapamos mortos.
nos devolvem o pão, queremos também a poesia.
                                                                                       
                                                         (Gilson Pantoja, 21/12/2009)


Dos natais só resta lembrar, aos que virão reinventar um novo espírito. Do ano, que seja velho e o próximo que seja realmente novo:



Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
                                                            
                         (Poema de Natal, Vinicius de Moraes)


E para isso fomos feitos, há necessidade em nossa existência para que o natal seja como deve ser, com alegria e dor lado a lado, fome e fartura na mesma esquina, miséria e riqueza para o mesmo objetivo, esperança e ódio no mesmo templo, fé e descrença para o mesmo Deus. Disso tudo temos uma certeza todos esperarão juntos a mesma canção “Adeus ano velho, feliz ano novo”.



E ENTÃO É NATAL. FELIZ NATAL??

Um comentário:

  1. É complicado, esse tipo de revolta vem cada vez mais ocupando as mentes por ai a fora. Todo natal eu e minha família realizamos uma reflexão sobre essa realidade. E eu fico feliz quando percebo que cada vez mais as pessoas vêem tomando consciencia disso e acabam se colocando a disposição da solidariedade para praticar a caridade com o próximo. Pois a realidade é dura para aqueles que sentem fome na época do ano que mais se esbanja comida...

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